Vírus monkeypox (VMPX)

O VMPX é um vírus do género do da varíola com uma extraordinária capacidade de persistência nas superfícies de objetos mas sensível aos desinfetantes comuns. Comparado ao vírus da varíola, o VMPX é menos contagioso e causa uma infeção menos grave.

Infeção por VMPX

Geralmente, trata-se de uma infeção auto-limitada cujos sintomas duram 2-4 semanas, com uma fatalidade de 3-6%. No surto atual, a fatalidade cifra-se nos 0,04%.

Epidemiologia

Desde maio de 2022, têm sido reportados surtos originários em transmissão humana por contacto próximo, em todo o Mundo.

A maioria dos infetados são homens que têm sexo com homens.

Transmissão

O VMPX transmite-se por contacto com um animal, humano ou objeto infetado.

O vírus infeta os indivíduos através de lesões cutâneas ou membranas mucosas.

A transmissão entre humanos pode ocorrer por contato direto com lesões/fluidos corporais (incluindo gotículas respiratórias) ou indireto por partilha de objetos de uso comum/vestuário/superfícies.

De quem suspeitar?

Indivíduos com exantema sugestivo de infeção humana por VMPX:

  • Pápulo-pústulas bem delimitadas, esbranquiçadas, de consistência firme-elástica, que evoluem com umbilicação central, podendo ulcerar sobretudo nas mucosas (glande, prepúcio, uretra…) – ver imagem (Fonte: gov.uk).
  • As lesões podem ser dolorosas (sobretudo as das mucosas rectal, orofaringe e genital), assintomáticas ou pruriginosas
  • Linfadenopatias regionais (inguinais), por vezes dolorosas.
  • Pródromo febril (mal-estar, mialgias, cefaleias) de curta duração (dias)
  • Na grande maioria, homens que têm sexo com homens, embora devam ser testados todos aqueles com suspeita clínica, independentemente do seus comportamentos sexuais.
  • Inquirir acerca de comportamentos, contactos e viagens nos 21 dias precedentes.

Diagnóstico

Segundo a Orientação da DGS n.º 004/2022 atualizada a 15/09/2022, perante um caso suspeito ou provável, dever-se-á proceder à colheita dos seguintes produtos para pesquisa de VMPX:

  1. Uma zaragatoa com exsudado da ferida ou fluido vesicular ou pustular, em meio de transporte viral;
  2. Uma zaragatoa orofaríngea em meio de transporte viral;
  3. Duas amostras de sangue em tubo de gel para colheita de soro (5 mL) para a realização de testes serológicos(Uma amostra colhida na fase aguda e uma amostra colhida 2-4 semanas depois)
  4. Se justificado, uma zaragatoa ano-retal em meio de transporte viral.

Estas amostras devem ser preferencialmente enviadas para o INSA Dr. Ricardo Jorge, mediante requisição médica e acompanhadas de informação complementar (Anexo III da Orientação n.º 004/2022) , mas poderão ser feitas noutros laboratórios acreditados para tal.

Os clínicos /técnicos que procedem a colheita das amostras devem usar EPI (respirador de partículas P2, bata de manga comprida, luvas descartáveis e óculos/viseira), complementada com higienização das mãos nos momentos adequados.

Devem ser pedidos testes de outras IST (sífilis, linfogranuloma venéreo, herpes, :

  • VIH (anticorpos anti-VIH1/2)
  • VHC (anticorpos anti-VHC)
  • VHB (antigénio HBs e anticorpos anti-HBs e anti-HBc) – caso não seja vacinado
  • Sífilis (VDRL e TPHA)
  • Clamídia/linfogranuloma venéreo (PCR primeiro jato urinário, >1h após última micção/exsudado)*
  • Gonorreia (PCR primeiro jato urinário, >1h após última micção)*
  • VHS2 (PCR/cultura de exsudado)

*No caso de homens que tiveram sexo com homens, deverá ser pedido PCR de exsudado oral/anal para pesquisa de C. trachomatis e N. gonorrhoeae.

Recomendações aos doentes:

Aos indivíduos com suspeita de VMPX, deve ser recomendado:

  • Isolamento de contacto físico (pode ser necessário baixa médica)
  • Analgesia se necessário
  • Desinfeção local das lesões

Terapêutica antiviral não está atualmente disponível, aguarda estudos de eficácia

Considerar internamento em casos de dor intratável, imunossupressão grave e sintomas sistémicos importantes.

IMPORTANTE

O médico deve notificar o caso na plataforma SINAVE (mesmo antes dos resultados laboratoriais, como caso suspeito) https://sinave.min-saude.pt/SINAVE.MIN-SAUDE/login.html, para permitir a realização do inquérito epidemiológico pala Saúde Pública.

 

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